Karz (1980)

Temi que meu amor por Rishi Kapoor não resistisse aos anos 80 e todo seu brilho disco.


Mas amei esse Rishi Kapoor prateado. Karz é entretenimento puro do início ao fim! É a história de Ravi Verma (Raj Kiran), um bom rapaz que é assassinado logo após o casamento por sua ambiciosa esposa Kamini (Simi Garewal). Ela o faz sob ordem do bandido Surjuda (Premnath), cujo nome aparece de mais uns dois modos diferentes na legenda e não consigo descobrir o real. Isto leva ao desespero sua mãe (Durga Khote) e irmã, Jyoti (Abha Dhulia).


Anos depois, Ravi reencarna como o famoso cantor Monty (Rishi Kapoor), que sempre sonhou em ter o amor de uma mãe (o que mais esperar do Rishi lover boy?). Durante uma apresentação, Monty começa a se lembrar do que aconteceu em sua vida passada e fica estupefato com todas aquelas lembranças horríveis e intensas. O que será que há de errado com ele? Façamos um exame.

Parece divertido.

O neurologista ou psiquiatra (o sempre competente Iftekhar) recomenda repouso a Monty, que aproveita para ir até Ooty procurar Tina (Tina Munim), uma coisinha muito da fofinha por quem se encantou durante uma festa (do Iftekhar, se querem saber). Eles se encontram e temos adoráveis musicais, coisa que o Rishi sabe bem como fazer.Tudo está maravilhoso até Monty descobrir que a mulher que cuidou da educação de Tina por todos aqueles anos foi a mesma Kamini que o matou na outra vida. Com a ajuda de Kabira (Pran), leva adiante um plano para fazer a megera confessar seu crime e pagar por todo o sofrimento causado à família Verma.  Drama o suficiente?

Se por um lado temos uma heroína infantil e sem muito o que fazer no filme, por outro temos a super-hiper-blaster Kamini sendo uma mega vilã interessante. Kamini é uma vilã diferente, que não apronta apenas por ser má. É uma mulher facilmente sugestionável. O traço mais legal de sua personalidade é a recusa em envelhecer, o que justifica Simi estar com a mesma cor de cabelo após 21 anos. É esta busca desesperada pela eterna juventude que a faz acreditar que Monty esteja apaixonado por ela.  Ele espertamente percebe isso e alimenta sua vaidade, fingindo abandonar uma garota de 16 anos por uma mulher mais velha.

Simi ji, você arrasa!

Desde que vi Zanjeer estou curiosa sobre a carreira do Pran. Eu estava acostumada a vê-lo somente como vilão em muitos filmes. Entretanto, em todos os últimos filmes que vi ele é o cara legal com um problema ou outro, mas que ajuda o herói com sua leal amizade. Ser amigo do herói poucas vezes traz algo interessante, mas é diferente com os papéis do Pran!  Em Karz, ele faz o papel de Kabira, tio da Tina e maior ajudante de Monty em sua vingança. Tem uma história própria, muitas cenas e falas. Ele até mesmo tem dois ajudantes que chama pelos nomes engraçadinhos de "Direito" e "Esquerdo"! Isto é comum em papéis secundários no cinema indiano ou o Pran teve um lugar próprio? Queria ter alguém muito bom em cinema indiano para me tirar a dúvida.


Pran e Simi ótimos, mas sou uma garota Kapoor e quem mais me agradou foi o Rishi - que, pelo jeito, sempre será meu lover boy favorito. Sua atuação foi boa até mesmo quando começou todo o momento vingança do filme, em que apresentou um Monty tão perturbado pelas lembranças de uma outra vida que só conseguia pensar em fazer justiça a qualquer preço. O problema é que eu: 1) Não ligo muito para histórias de reencarnação e 2) Presto mais atenção no Rishi apaixonado e cantando. Sendo assim, não pude deixar de sentir uma certa tristeza quando o romance com a Tina foi deixado um pouco de lado para toda a questão da vida passada ser resolvida...é, sei que estou soando meio boba. Mas é o efeito Rishi sobre mim.

Porque sou feliz quando Rishi ama.

<3

Apesar de não ser a maior fã de todas de histórias de reencarnação (quando vi Om Shanti Om, só queria saber das piadas e referências!), estava louca de vontade de saber como tudo se resolveria. E nada poderia ser mais incrivelmente bollywoodiano que um musical altamente dramático. E por falar nisto, a trilha do filme é sensacional. Nunca me imaginei gostando de uma trilha tão disco, mas Laxmikant-Pyarelal fizeram a magia acontecer. Om Shanti Om será reconhecida por quem lembra do primeiro clipe do filme de 2007 com o mesmo nome da música, dirigido pela Farah Khan. Minha parte favorita é quando o Rishi chama a moça da plateia para dançar com ele no palco e imagina a Tina Munim no lugar dela. É ali que o poder do lover boy se manifesta!

Dard-E-Dil foi a que mais gostei. É linda, Rafi é sempre fenomenal e a química entre Rishi e Tina é visível. Já Ek Haseena Thi é a tal música do clímax do filme e é um espetáculo por si só. Já Paisa Yeh Paisa tem um grande potencial para desencadear uma crise epiléptica.

O que não gostei no filme: Tina não teve grande participação no plano de vingança; não entendi se a dona mamãe ficou para sempre vendo Ravi no rosto de Monty; fiquei absolutamente perdida nas cenas finais do filme, com todos aqueles tiros e chamas; desnecessários todos os momentos em que o diretor da escola entrava em desespero por a filha ainda não estar casada. Ainda assim, me diverti.

De verdade: isso foi para a vilã pensar que estava vendo fantasmas.




Ek haseena thi, ek deewaaaana thaaaa  

Clímax sem vilã pavorosa não é clímax!



Karz é bem a loucura bollywoodiana da qual tantas vezes sinto falta. Não é um favorito porque a história não me moveu tanto, mas é um ótimo filme para gastar mais de duas horas da nossa vida. Felizmente, foi mais um passinho no meu desconfiado e assustado caminho pelo mundo cheio de lantejoulas da Bollywood dos anos 80.

2 comments

  1. Amei o texto! Assisti Om Shanti Om e quando vi a foto do Rishi de prateado fiz logo a associação! Eu gosto de filmes com reencarnação, mas me choca como o tempo passa leeeento para alguns personagens. Simplesmente não envelhecem nada! XD
    Ainda não encarei nenhum filme dos anos 80, só início dos 90, mas vou começar a vê-los, pois acho que vou me divertir horrores! :D

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  2. A falta de envelhecimento pós-passagem de 30 anos é a magia de Bollywood...Aamir Khan não fez um estudante universitário em 3 Idiots? hahahahahauhahaah!

    Você VAI se divertir muito, tenha certeza! Mas olha, indico mais começar pelos anos 70 antes. Os filmes da época são meio maluquinhos, mas surpreendem e divertem muito. Os dos 80 muitas vezes tem histórias que parecem mal cuidadas...é uma época estranha, dependendo dos filmes.

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