Phir Bhi Dil Hai Hindustani (2000)

Ajay Bakhshi (Shahrukh Khan) é um jornalista pouco interessado em questões sociais importantes. Tudo o que quer são matérias sensacionalistas e fama. A emissora rival contrata Rhea Banerjee (Juhi Chawla), uma jornalista tão astuta e gananciosa quanto Ajay, para fazer frente a ele. Ajay vive flertando com Rhea ao mesmo tempo em que ambos competem pelos melhores furos de reportagem. Seus chefes os colocam no meio de uma disputa política entre o partido do governo e o da oposição, que se utilizam da mídia para promover suas mentiras junto ao público. Os jornalistas pouco se importam com o que está acontecendo, mas isto muda quando conhecem Mohan Joshi (Paresh Rawal), um homem simples com uma história triste que faz suas consciências se voltarem para algo que não seja seus próprios umbigos. Mas há pessoas que não desejam que a história de Mohan seja conhecida. Phir Bhi Dil Hai Hindustani tem direção de Aziz Mirza.



Às vezes extremamente caricato, outras vezes tentando passar mensagens importantes: este filme me deixou confusa. Assim que começa, recebemos um grande e colorido musical de Ajay, uma cena de comédia em que arruma um furo exclusivo de uma bomba sendo desarmada e mais um musical onde diz “Eu sou o melhor” de segundo em segundo, com direito a balões coloridos. Sempre espero romance dos filmes do SRK, mas entendi o filme como uma comédia e prossegui alegre, já que ainda não o tinha visto com a Juhi. Ela entrou e o clima caricato foi reforçado pela participação do Johnny Lever como um mafioso desastrado que precisava estabelecer uma imagem de durão frente aos outros bandidos. Resumo: balões coloridos, “Eu sou o melhor” e Johnny Lever são elementos suficientes para entender que um filme não será dramático. Foi então que surgiu o Paresh Rawal com o personagem mais sério do filme. Uma sequência muito triste da vida de Mohan "Baba" quase me fez acreditar que tudo ficaria sério, mas aí voltaram as trapalhadas do Johnny Lever e aceitei que aquilo ali era uma bagunça mesmo, era melhor parar de tentar enquadrar em uma categoria e ver no que dava. 






O personagem do Shahrukh é um stalker de alto nível, perseguindo a da Juhi para todo lado e dizendo que ela o ama a cada vez que recebe um “Não” e uma portada na cara. Isto costuma me irritar muito. Porém não me importei muito com toda a stalkeação de PBDHH, já que nada naquele filme era muito sério, muito menos o Ajay. Ele era um bobo narcisista que ficou engraçado naquele contexto, divertido como o Shahrukh sabe muito bem ser — acredito que ele tenha potencial para ser um grande comediante. Mostrou bem como há pessoas dentro dos veículos de comunicação esquecidas de que estão ali para informar ao público, não (só) para manipulá-lo e usar sua audiência em benefício próprio. Rhea era tão narcisista quanto, mas não tenho grande imunidade à fofa da Juhi e acabei achando-a adorável. Aquela história de mãe desesperada para casar a filha que já está ficando sem graça, mas não foi muito trabalhada no filme e todos pareciam satisfeitos por a Rhea trabalhar e ser inteligente, inclusive a própria. 


Os coadjuvantes são muito bons. Em especial, fiquei feliz por ver o Satish Shah e o Shakti Kapoor, que infelizmente não tinha uma metralhadora. Paresh Rawal partiu meu coração como um homem pobre, infeliz e injustiçado. Seus olhos mostravam tanta dor! Nina Kulkarni e ele fizeram cenas meigas com o Shahrukh e a Juhi. 


Então...

A evocação do patriotismo para a qual a história foi direcionada era bem óbvia pelos pôster e nome do filme e pareceu um pouco forçada (apesar de eu sempre gostar de ver a bandeira da Índia em cena). O que funcionou para mim foi a pequena mostra de como políticos não apenas se apropriam, mas também criam questões para conseguir o apoio e atenção do público. Mortes, dor e famílias destruídas eram apenas obstáculos ao sucesso dos políticos do filme. Também gostei do modo irônico como foi mostrada a indústria da propaganda se aproveitando de situações nada éticas para cumprir seu dever: vender. E o público também não ficou com menos culpa nisto, hein? Dependendo de como é apresentada, a gente pode comprar até a idéia mais suja. 


A trilha sonora não me marcou muito, gostei apenas de Banke Tera Jogi, último clipe do filme. De todo modo, os clipes são engraçados e coloridos, bem gostosos de assistir. Fiquei surpresa por não ter nenhum clipe romântico à la Shahrukh Rahul Raj Khan: nenhuma montanha, sem braços abertos e Juhi correndo. Até havia o Aur Kya com Juhi de sári, mas não bateu muito com o clima dinâmico da história e não parece com o ambiente Tujhe Dekha To que tenho em mente. 





Tendo pouco foco no romance, muitos personagens caricatos, Juhi e SRK lindos como jornalistas e mais cores do que o esperado, Phir Bhi Dil Hai Hindustani não teve nada a ver com o que eu pensei que iria assistir. Enquanto filme do Shahrukh eu realmente esperava algo mais intenso, mas agora entendi que não gosto dos filmes do Aziz Mirza. E mesmo já ficando cansada lá pela metade da história, valeu a pena ver o carisma do casal principal em pleno início dos anos 2000.

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